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Por que amamos reggaeton? Símbolo de resistência, o ritmo é hoje uma das mais fortes ascensões já vistas no cenário fonográfico mundial

Ozuna, Daddy Yankee e J Balvin / Foto: Jhon Parra (Getty Images)

Estamos no ano de 2020 e a música latina hoje é uma das mais fortes ascensões já vistas no cenário fonográfico mundial. Monopolizado pelos Estados Unidos e Inglaterra, o ranking mundial da música sempre foi liderado por canções do idioma inglês e essa é a primeira vez que vemos, não só uma canção, mas várias músicas latinas sequencialmente ocupando esse espaço.

A música latina, que antes era criminalizada, ganhou força, forma e relevância para as grandes massas não-latinas e entre outros estilos como bachata, salsa, merengue e zouk, por exemplo. O reggaeton já se espalhou por todo o mundo e ganhou destaque por sua consistência no cenário mundial, emplacando hit atrás de hit e se adaptando a diferentes culturas e musicalidades.

O reggaeton é um ritmo importado da Jamaica, ainda em sua forma bruta de dancehall, e lapidado no Panamá, para então ao chegar em Porto Rico com a influência urbana do rap se tornar o fenômeno que conhecemos hoje.

Marginalizado, o ritmo é um estilo urbano de fácil acesso, que em seu início obtinha baixo custo com as produções, e trazia a sensação de liberdade por tratar de assuntos que falavam a língua do povo. O estilo chegou em uma época de crise econômica no Panamá e Porto Rico, onde os artistas de rua encontravam uma chance de mudar de vida através da música. O reggaeton passou a ser não apenas a voz da juventude, como também a economia dos menos favorecidos, onde mesmo sendo esquecido pelos governantes, o seu povo ainda pudia ter esperança e mudar a realidade das suas comunidades.

O reggaeton virou literalmente o sustento das periferias de Panamá e Porto Rico e ganhou apoio popular das grandes massas.


Como um gênero musical virou um estilo de vida e um amor pela causa?


O reggaeton sempre foi perseguido. As canções eram gravadas em fita cassete e vendidas escondidas como algo ilegal. De fato, eram um afrontamento ao governo conservador e um grito de liberdade para as periferias que passavam a dominar bailes do centro da cidade e conquistar a classe alta. O ritmo chegou a ser proibido e visto como indecente, o que gerou mais revolta na população e seu consumo aumentou ainda mais.

No Brasil, algo similar já havia acontecido com o rock e com a MPB na época da ditadura militar, quando a arte musical livre era censurada. Em Porto Rico, mesmo sem um regime ditatorial, essa censura partiu dos governantes contra o reggaeton.

Reggaeton então virou uma causa, um símbolo de liberdade, uma bandeira da força latina, contra a opressão. O ritmo tomava conta dos bailes, das praças... Até que Porto Rico ficou pequena demais para a imensidão do ritmo e começou a ser exportada mundo a fora através de cantores como Tego Calderon, Vico C, Daddy Yankee etc.

A explosão do álbum "Barrio Fino" do Daddy Yankee foi o abre alas, o início da dominação urbana latina a nível mundial, tendo como carro chefe a canção 'Gasolina' que rapidamente conquistou todo o mundo.



Foi um dos maiores orgulhos da música latina. Um som de periferia, marginalizado pelos governantes e até por sua população, havia ganhado o mundo de forma independente. Antes o reggaeton não entrava nas grandes rádios, nem na televisão, tampouco nas grandes mídias, e por isso criou suas próprias companhias, selos musicais, rádios e sites que falavam exclusivamente sobre o gênero musical. Os reggaetoneiros sempre foram guerreiros que souberam driblar as dificuldades e se adaptar ao novo cenário.

Desde a febre de 'Gasolina', o reggaeton veio crescendo e evoluindo criando vários subgêneros para se camuflar e ganhar novos espaços. Em cada país o reggaeton se misturava com ritmos locais e mesmo sem levar os créditos começava a fazer parte da cultura de várias nacionalidades, incluindo o Brasil. Estudos comprovam que o tecnobrega do Belém do Pará foi inspirado em técnicas musicais de reggaeton. Músicas de reggaeton eram sampleadas, traduzidas, modificadas e misturadas com ritmos populares da região.

Fora do Brasil, o reggaeton se diluiu na música pop, e os cantores urbanos para se manterem na mídia, se viram na necessidade de entrarem no cenário pop, se adaptando e criando uma subcategoria dentro do reggaeton chamada electro flow, uma versão mais comercial e pop do reggaeton.

Tempos depois o reggaeton começou a mesclar com outros estilos como soca soca e kuduro, e foi dessa experiência que surgiu o hit 'Danza Kuduro' de Lucenzo e Don Omar. Os cantores de reggaeton estavam testando coisas novas, se arriscando em misturas com outros ritmos e foi assim que anos depois o reggaeton resolveu abrir uma brecha para o gênero do qual competia diretamente, o pop norte-americano.


Foi em 'Despacito' (Luis Fonsi e Daddy Yankee) que o reggaeton deu seu primeiro passo significativo para dominar o cenário pop mundial. Sem palavras fortes, mas repleta de poesia e sensualidade, 'Despacito' ganhou o mundo se tornando o videoclipe mais visto da história da humanidade e chamou atenção de várias artistas como o jovem Justin Bieber, que resolveu fazer uma versão da canção e ajudou a impulsionar ainda mais a faixa para os que ainda não haviam consumido.


'Despacito' aqueceu o mercado latino, e vários artistas de outros ritmos começaram a querem entrar no reggaeton. Antes do hit, o terreno foi preparado por outros grandes artistas como Nicky Jam e Enrique Iglesias que conquistaram o primeiro bilhão de reggaeton no YouTube com a canção 'Bailando'.


J Balvin se tornou o pastor do reggaeton, onde guiava sua gente para um reggaeton mais "limpo", para todas as pessoas de todas as idades, sem qualquer descriminação. Artistas como Maluma e Bad Bunny conquistaram o público com suas letras mais românticas. O gênero reggaeton é banhado de irmandade e resiliência, onde a comunidade se ajuda como uma grande família, e apesar de sempre haver brigas, eles sempre ajudam uns aos outros e sempre dão uma segunda chance e oportunidade de mudança e evolução. Como foi o caso de Anuel e Nicky Jam, resgatamos da lama para o sucesso.



Mas por que amamos tanto o reggaeton?


Com toda a certeza o reggaeton é o estilo mais versátil que existe na música latina, e pode se adaptar a todos os gostos e ainda continuar se chamando de reggaeton. Mas além de tudo ele é um estilo de resistência e perseverança, é um simbolo de conquista e orgulho. Ele acaba sendo um espelho de nossos desejos uma vez que você tem uma gama enorme de estilos de reggaeton para escolher, cada um de um jeito próprio. É como se cada música fosse um personagem diferente narrada de uma forma diferente e vivendo sensações completamente diferentes. 

No mundo pluralista em que vivemos e queremos muitas coisas, o reggaeton nos dá essa liberdade de sermos quem verdadeiramente somos, desde narrativas mais explícitas até canções mais melosas e poéticas, desde os dramas do nosso cotidiano até canções de pura diversão. Defender o reggaeton é defender a liberdade artista de sermos o que quisermos e por isso amamo o reggaeton, porque amamos a liberdade de sermos quem somos e o fato de carregar essa verdade em cada canção torna o reggaeton atraente e representativo. É como se nos sentíssemos  abraçados por uma grande comunidade, uma irmandade, onde a música passa não só ritmo, mas verdade, se convertendo assim na música mais ouvida do mundo.

Quer conhecer mais a história do reggaeton? 

Separamos uma playlist no YouTube com o melhor conteúdo do gênero, contando todos os detalhes sobre o reggaeton, da dança, história e conquistas!

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